O cerco está se fechando para o Bitcoin na China. Nesta quarta-feira (9), autoridades chinesas exigiram a interrupção de mineração de BTC na região estratégica de Xinjiang. Como resultado, o hash rate da criptomoeda caiu. Além disso, mecanismos de busca como Baidu bloquearam consultas para as exchanges Binance, Huobi e OKEx.
Os mineradores locais terão até às 14h desta quarta (horário local) para encerrar as atividades, conforme determinação da Comissão de Reforma e Desenvolvimento de Changji, uma prefeitura de Xinjiang.
“Ordene imediatamente à sua empresa que suspenda a produção para retificação antes das 14:00 em 9 de junho de 2021 e relate a suspensão da produção e retificação ao Desenvolvimento da Prefeitura de Changji”, diz o comunicado.
Contudo, o início da interrupção já impactou a hash rate do Bitcoin, ou seja, a capacidade de processamento na blockchain.
As mineradoras AntPool e Poolin registraram uma queda de aproximadamente 25% na hash rate, de acordo com dados compartilhados pelo popular jornalista chinês Colin Wu.
A ação contra a mineração em Xinjiang ocorre semanas após a China encerrar as operações na Mongólia Interior.
Ocorre que Xinjiang é frequentemente chamada de “região energética estratégica”. Isso porque possui vasta reserva de gás natural, carvão e outros recursos energéticos baratos que atraíram muitos mineradores. Portanto, a queda no hash rate do Bitcoin parece óbvia.
“Agora Sichuan é a última esperança para os mineradores chineses. Acho que toda a proibição de mineração já deveria ter sido avaliada”, escreveu Dovey Wan, fundador da companhia de criptomoedas Primitive Ventures.
Com a repressão da mineração de Bitcoin, o governo chinês espera atingir dois objetivos distintos. Primeiramente, coibir a circulação de criptomoedas no país para evitar “riscos financeiros”. E, em segundo lugar, reduzir a pegada de carbono no país, medida anunciada pelo presidente Xi Jinping.
Já o bloqueio das exchanges pelos mecanismos de busca ocorre poucos dias depois que a China bloqueou contas de mídia social de influenciadores de criptomoedas.
Agora, sites como Baidu e Sogou pararam de mostrar resultados de pesquisa para Binance, Huobi e OKEx.
“Ao mesmo tempo, não foram apenas os motores de busca que bloquearam as três principais exchanges. Mas também as redes sociais, como Weibo (Twitter da China) e Zhihu (quora da China)”, tuitou Wu nesta quarta-feira (9).
No sábado (5), usuários que escreviam sobre criptoativos tiveram suas contas nas redes sociais bloqueadas. Quem tentou acessar as plataformas recebeu uma notificação informando que havia violado as diretrizes da rede social e “leis e regulamentações relevantes”.
No entanto, essa não é a primeira vez que as plataformas da China banem contas de influenciadores de criptomoedas. Em 2019, o Weibo baniu as páginas do cofundador da Binance, Yi He, e do empresário Justin Sun.
Desde que a China começou sua incursão contra o Bitcoin, o preço da criptomoeda despencou. O BTC já perdeu quase metade do valor desde o seu último recorde de US$ 64 mil, registrado em abril. Hoje, a moeda digital líder em valor de mercado é negociada abaixo dos US$ 35.000.
Lorena Amaro